DAEM — Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino
Por muitos anos, as terapias de reposição hormonal focaram principalmente o tratamento de mulheres na menopausa. Recentemente, o uso de terapia de reposição de testosterona pra prevenir e tratar os sintomas da andropausa despertou o interesse da Medicina. Esse fato coincide com a tendência de dados demográficos do envelhecimento que mostram um aumento da porcentagem de homens mais velhos no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, o número de pessoas com mais de 60 anos no país era superior a 18 milhões (10% do total). De 1991 a 2000, a população aumentou 15,7%, enquanto o segmento com 65 anos ou mais cresceu 41%.
O envelhecimento masculino é acompanhado de sinais e sintomas que se assemelham a uma deficiência androgênica em jovens adultos, tais como a diminuição da massa e força muscular, o aumento da gordura abdominal, principalmente visceral, com resistência insulina e perfil lipídico aterogênico; diminuição da libido e dos pelos sexuais; osteopenia, diminuição da performance cognitiva; depressão; insônia, sudorese e diminuição da sensação de bem estar geral.
O senso comum, equivocadamente, procura atribuir diminuição de níveis de testosterona ao aparecimento destes sintomas. é importante destacar que a diminuição dos níveis de testosterona é apenas um dos fatores responsáveis pelos sintomas do envelhecimento masculino, que têm origem multifatorial. Por esta razão o diagnóstico da deficiência androgênica no envelhecimento masculino deve ser baseado na sintomatologia clínica e na bioquímica com dosagens de testosterona abaixo do nível mínimo de jovens adultos. A seguir, o urologista fornece mais informações sobre a andropausa e as indicações terapêuticas apropriadas para a reposição hormonal masculina.
O nome é uma referência ao fenômeno hormonal que ocorre nas mulheres – menopausa – após os 45 anos de idade. Porém, o quadro masculino não apresenta os mesmos tipos de alteração física. Nas mulheres há um acentuado declínio na produção hormonal devido falência funcional dos ovários e consequente interrupção do ciclo menstrual. Nos homens, foram identificadas várias alterações hormonais. A mais comum é uma redução dos níveis de testosterona, mas que não resulta na interrupção completa de sua capacidade reprodutiva. Há muitas diferenças entre a menopausa e andropausa. Não existe uma faixa de idade mais comum para início dos sintomas e nem todos os homens apresentam este problema. Nos homens, estima-se que 21% destes, com idade variando entre 60 a 80 anos e, mais de 35% dos homens com mais de 80 anos, apresentarão sintomas da baixa hormonal, consequência da diminuição da produção testicular de testosterona, o principal hormônio masculino.
A deficiência de testosterona no homem idoso pode causar diminuição do interesse sexual (libido) e da qualidade das ereções, diminuição da massa muscular, aumento da massa de gordura visceral e alterações no perfil lipídico no sangue, diminuição da massa óssea e osteoporose e diminuição da sensação de bem estar – caracterizada como diminuição da atividade intelectual, dificuldade de orientação espacial, fadiga e depressão.
O sobrepeso, a obesidade, tão comuns na sociedade moderna, onde o consumo de carboidratos supera uma alimentação balanceada, a falta de exercícios físicos, o sedentarismo são as condições de partida para o armazenamento da gordura no espaço visceral, nos homens concentrando-se na cavidade abdominal, assim é comum vermos homens com braços e pernas finos e a circunferência abdominal proeminente. Neste espaço, esta gordura armazenada, sequestra os hormônios masculinos, causando uma baixa plasmática da testosterona, além de liberar substâncias que têm poder irritativo e inflamatório nas paredes arteriais. No conjunto das alterações desencadeia-se uma pré-diabetes, ou uma diabete instalada, hipertensão, elevação do ácido úrico no plasma, uma sobrecarga cardíaca, e todas estas alterações já descritas, pela diminuição circulante do hormônio testosterona.
Hoje, recomendamos a todos os homens que realizem uma consulta especializada urológica após os 40 anos de idade, com caráter preventivo, pois dados da literatura mundial mostram que os níveis hormonais decrescem em média de 1 a 2 % ao ano, sendo que em 50% dos homens com mais de 50 anos estudados foi constatada baixa significativa da testosterona biodisponível, sem eles apresentarem queixas clínicas correlacionadas. Como a reposição hormonal é uma das terapias disponíveis, em pacientes sintomáticos, e sabendo que estes hormônios interagem com fatores prostáticos, e que o câncer de próstata é alimentado pela testosterona, sem dúvida, a orientação médica especializada é indispensável.
Não. Como cada caso requer uma conduta individualizada, a importância do exame preventivo fica clara, pois as condutas a serem adotadas têm que ser muito bem discutidas e orientadas. A avaliação correta requer uma série de exames laboratoriais e de imagens, e o tratamento, por vezes, requer a formação de uma equipe multidisciplinar, composta por urologistas, clínicos gerais e endocrinologistas. Desta forma, vimos que, por vezes, podemos tratar de um quadro de diabete através da administração de testosterona. Podemos em outras situações reverter um quadro de impotência sexual ou melhorar a libido com esta administração hormonal. Mas devemos lembrar que sem uma avaliação especializada poderemos estar estimulando a agressividade de um câncer de próstata, ou, dependendo da via de administração do hormônio, causar alterações das funções do fígado, onde estes hormônios são conjugados e metabolizados. Potenciais Benefícios da Terapia de Reposição Hormonal durante a Andropausa:
- Restauração da massa óssea, força muscular e composição corporal;
- Restauração da libido e função sexual;
- Melhora do humor, da qualidade de vida e das funções cognitivas;
- Influência sobre o metabolismo de carboidratos e lipídeos.
Riscos Potenciais do Tratamento de Reposição Hormonal durante a Andropausa:
- Exacerbação de doença prostática não diagnosticada, HPB e Câncer da Próstata;
- Policitemia;
- Aumento do risco de doença cardiovascular;
- Hepatotoxicidade;
- Piora ou aparecimento de apneia do sono.